Pesquisas sobre o uso de internet na primeira infância. Elas existem?
A infância está cada vez mais conectada com meta expressões artísticas, especialmente nas instituições escolares de educação infantil, como o DEI/CEPAE/UFG, e residências com acesso à luz elétrica e acesso a internet por meio do computador, tablets, televisões e principalmente smartphones. Quando buscamos, entretanto, dados concisos que indicam esta participação da primeira infância brasileira na ciber cultura – para assim mapearmos estes consumos – dificilmente os encontramos.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o maior responsável pela realização de diversas pesquisas quantitativas no Brasil, divulgou em 2015 pelo Suplemento de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) dados e gráficos acerca do uso da televisão e da internet pelos mais diversos aparelhos tecnológicos de mídia, porém restringiu suas pesquisas a cidadãos a partir de 10 anos de idade.
O comitê gestor da internet no brasil – CGI.br, divulgou no site da Cetic.br a pesquisa “TIC Kids Online Brasil 2014”, que apresentou dados quantitativos sobre o uso tecnologias de informação e comunicação entre as crianças e adolescentes brasileiros, mas novamente, todas as suas informações se restringem a pesquisas realizadas com jovens entre 9 e 17 anos de idade.
Ao pesquisarmos no site de buscas online Google o termo “uso da internet crianças pequenas no brasil” [1], obtemos como resposta artigos de jornais online direcionados principalmente às famílias em que há presença de adolescentes, para alertá-los acerca dos malefícios e benefícios da inserção no universo digital. Nenhum destes artigos apresenta dados ou pesquisas realizadas com crianças pequenas[2], e ao final da página de busca, encontramos oito indicações de busca no Google, relacionadas ao termo pesquisado: cinco destas sugestões de busca se referem a jovens ou adolescentes, duas se referem a pesquisa realizada pelo CGI.br com crianças entre 9 a 17 anos, e uma sobre benefícios e malefícios da internet, como explicitado nas imagens abaixo:
Imagens 1, 2 e 3: printscreens da busca pelo termo “uso da internet criança pequena brasil” no site Google
O que esta defasagem nas pesquisas gerais e nas estatísticas de órgãos institucionais acerca do uso de tecnologias de comunicação e informação na primeira infância pode estar assinalando? Será que crianças de 0 a 6 anos não têm acesso às ciber expressões metacênicas ou será que não estamos devotando a devida atenção a estes consumos? É possível que a sociedade não esteja preparada para assumir a responsabilidade por estes consumos? Como eles tem influenciado suas expressões metacênicas cotidianas, bem como as paisagens sonoras metacênicas do DEI/CEPAE/UFG?
[1] Pesquisa para o termo “uso da internet criança pequena no brasil”. Analisamos as dez primeiras entradas, por indicarem os sites mais acessados acerca do tema pesquisado. Disponível em: <https://www.google.com.br/search?ei=SA8WWt7lEYWSwgS8z7_oBg&q=uso+da+internet+crian%C3%A7a+pequena+no+brasil&oq=uso+da+internet+crian%C3%A7a+pequena+no+brasil&gs_l=psy-ab.3...0.0.0.20896.0.0.0.0.0.0.0.0..0.0....0...1c..64.psy-ab..0.0.0....0.713J57xTUHw> Acesso em: 22 nov. 2017.
[2] O termo criança pequena é utilizado em artigos científicos e livros que se referem às crianças da educação infantil, que têm entre 0 a 6 anos. Este termo ascende da compreensão de que o período da infância transcende a idade de 6 anos, e por isso convencionou-se fazer a referência a este intervalo etário por “primeira infância” ou “pequena infância”. A lei federal 13.257 de 2016 apresenta o marco legal deste período.